sábado, 11 de outubro de 2008

POLIMORFO

Quase azul
Fui azul
Sou azul
Minhas lágrimas secaram meu sorriso, minha tristeza, minha melancolia
Portas e gavetas não se abrem mais
Um grito ecoa no escuro
Revela meu querer-viver
Há uma chama que não se apaga, mas efêmera
O beijo que não lhe dei
O odor da solidão
O prazer do vir-a-ser, do povir
O mundo é uma alegoria
" Mundo como vontade e representação"
O nada existe, o tudo inexiste
O tempo foi-se com os ventos...
Minhas mãos clamam
Vou retratar meu rosto, minha alma num azul-branco de uma tela
Os elefantes, eu e você
O terceiro sol me revela, me ressuscita todos os dias
A vida se dá
A vida lhe rouba, me rouba, me assalta, me sopra
Perco-me neste desatento
Do rés-do-chão às alturas
Em minha escassez
No meu reencontro com o azul
O azul do meu quarto
Um quarto de um século
Na piscina dos teus olhos me afogo
Respiro o mundo
Embriago-me pela condição miserável do homem
Minhas asas não são tortas
São certas, corretas, incertas, invisíveis, indivisíveis
Meu rosto é esta máscara que so pode ser vista quando refletida no espelho
Que foi quebrado
Restam apenas cacos
Certo dia porventura vamos nos reencontrar
Unir nossa respiração
Será belo, uno
Uma provocação do certo e o incerto
"Criar linguagem para aquilo que não tem linguagem"
A alma é azul
A bílis é negra
Somos todos polimorfos

Um quase poeta que não fui
Numa noite onde tudo aconteceu
Belas são as palavras.

Didiu

Um comentário:

nnnd disse...

belo é vc com suas palavras.
em outro caso, não seriam belas.
ou tão, quanto são. quando com vc estão,claro.