terça-feira, 20 de outubro de 2015

Insólito

Estende-se o vinho e a rua lá fora se põe iluminada
A música revisita a alma enquanto as mãos olham-se distraídas
A lua amanhece no céu sem estrelas brancas brandas...sorriso contido adormecido nas horas, na dobradura do tempo que corre descalço, desprovido

Cenas
Nevoeiro
Janelas e episódios
epilogo

sou um pássaro azul blues com sonhos de asas líricas
o canto pela contramão
a voz muda que grita versos indizíveis

Um sopro
Uma reza
disperso  caminho insólito.

Didiu 2015




sábado, 11 de julho de 2015

Bia e Antônio - A carta



E os poemas saltitavam pelos ares, saiam de uma abandonada gaveta de uma pequena escrivaninha amarelada pelo tempo. Diziam coisas e cores estampadas nas entrelinhas e pelas linhas escapavam revelando o abandono.
Espalhadas e dispersas confundiam-se contentes
Na memória da escrita um breve passo – moedas, marcador de texto e uma garrafa de vinho tinto fino seco.
Música de cór: trilha sonora pré-fabricada para resgatar amuletos
Lua cheia teleguiada no ar – televisão ligada, liquidificador e a dor agridoce da anacrônica crônica.
Tempo e contexto
Há controvérsia!
O acaso ao acaso casualmente casual

_Nada é igual, porém, há semelhanças.  Bia indagava!

Ela arrastava as mobílias do apartamento, fazia uma grande faxina nos cômodos e ao mesmo tempo no seu pensamento. Poeira pelos cantos, bolinhas de papel – maquina de escrever. Reposicionava alguns objetos e móveis, tudo para lhe parecer novo, uma sensação gostosa de novidade para lhe despertar inspiração para um novo texto, uma nova escrita em mente. Mais uma dose de vinho para saborear, brindar os sonhos... a vida! Bia sabia perfeitamente de uma forma bem peculiar aproveitar seu tempo, inventava e se reinventava com tamanha criatividade desvencilhando-se das rotinas enfadonhas. Alias, o tempo não a controlava. Ela era soberana de si mesma.

O interfone interrompe Bia dos seus afazeres e dos seus pensamentos. Era o porteiro do prédio dizendo para que ela descesse, pois tinha uma correspondência de Paris para ela la embaixo na portaria.
Ela desce ansiosamente correndo pelas escadas.

_ Olá, Sr. Pedro! O que tem para mim aí?

_ Olá Bia! Chegou está carta e este embrulho para você.

Bia pega o envelope juntamente com o embrulho e sobe em disparada se esquecendo até de  agradecer ao Sr Pedro, sua ansiedade era maior que qualquer outra coisa. Mas, antes que chegasse ao seu andar, ela grita feliz:

_ Obrigada, Sr. Pedro!!! 

Já em seu quarto, sobre a cama desarrumada, Bia abre vagarosamente o envelope. Era uma carta de Antônio para ela diretamente de Paris.
Bia sorri por fora e por dentro. 

Didiu 2015 




quarta-feira, 17 de junho de 2015

Tocar-lhe-ei beijar-te-ei



Esta noite vou lhe tocar de uma forma diferente
Penetrar pelos sentidos
Pelos olhos lhe invadir

Tato olfato, nos teus ouvidos o paladar

Repousarei, e em teu corpo minha presença, minha língua, minha cede
Em meu caminho tua pele, sorriso, frases perfiladas soltas

Vou lhe oferecer um café, um poema, um chá da tarde com música
E na cama desenharemos o mar revolto, agitado... as marés
A calmaria após o gozo, uma pausa, depois o sonho
Uma lua sobre nós, de repente.

Didiu 2015 



domingo, 31 de maio de 2015

você



Arrepio... deleite nosso que se arrasta na cama, cadenciado por nós, nosso gozo. Música na noite, quentura debaixo do cobertor que nos aquece.

Nossas manhãs, tardes, noites e pelas madrugadas, luas postas no céu: minguantes, cheias, novas que crescem concatenando poesias. Nossos dedos tocando-se, desfile de rosas desabrochadas vermelhas, olhos falantes e acesos piscam pelas curvas. Na ampulheta o tempo passa passageiro, e um vento subitamente ligeiro nos invadindo, passeando pela porta levemente aberta.



Nossa dança leve

Detalhes presentes

Palavras

você 


Didiu 2015

quarta-feira, 20 de maio de 2015

poesia de outono



Beijos e poemas que lhe fiz num sonho depois do anoitecer
Num salto para o alto acima das nuvens.
Depois do café outro beijo
com aroma de verso novo.
Esticando pela tarde
um pôr do sol para nós dois
Na vitrola, Vinicius e Tom, uma canção
Um brinde com vinho tinto
Poesia da noite

Nossas mãos, nossos corpos
Olhos nos olhos
Línguas e bocas
Tatuado em mim, teu batom
Pétalas de outono em você

Bem me quer bem me quer bem me quer...
Uma sonata graciosa
Um canto lírico nas tuas esquinas

E depois da sinfonia,
mais um beijo.

Didiu 2015

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Vovó Margarida



Éramos felizes e sabíamos
Fim de ano... férias de julho
“família! Família! Cachorro, gato, galinha”.

Minha avó tinha nome de flor

Acima dos anjos...
Entre eles
Nuvens, margaridas
Minha memória, minha avó e seu jardim com triângulos e, um circulo colorido
Flores, flores, flores-petálas e um radinho de pilha, meu avô – RÁDIO AURILÂNDIA
Infância branda, “pintando o sete” na minha Nova Lima... primos, tios e avós
Saudade que fica rascunhando linhas graciosas
e eu aqui observando retratos, fotografias intactas de um tempo que passou feito vento veloz.

Didiu 2015