terça-feira, 30 de junho de 2009

ESCRITOS



Alguns escritos saem por aí

Em busca de aventuras

Soltos e revoltos

Se embriagam em abstrato

Poesia concreta em marcha lenta

Ao vento, ao relento

Suplicando em esgotamento


Alguns escritos não saem por aí

Enclausurados refazendo-se

Mergulham na solidez

Tornam-se fortes, colossais

Entregam-se ao óbvio numa pintura íntima e subjetiva


Quantos pontos, reticências e vírgulas!

Figuras retóricas no final de qualquer frase


Etecétera e etecétera


Por que sou poeta?

Talvez pelo fato de não ter mais o que fazer

Talvez pelo fato de não me tornar seres iguais a vocês.

Didiu 2009

segunda-feira, 29 de junho de 2009

LAVOURA ARCAICA



Eu me vi bem ali
Na primeira cena
No primeiro ato
Com a velocidade e a força de uma locomotiva
Um cargueiro a todo vapor prestes a descarrilar
E em minutos... o estrondo!
Estardalhaço de volúpias
As cores de uma lavoura arcaica tomaram conta de mim
Por alguns instantes meus pés continuaram grudados
Deliciando-se em desejos que ainda me purificavam
Minha boca sentia o gosto libido
Belo e doce fervor que me entorpecia
E em uma prece, deitei-me de lado
Faminto...com uma fome visceral que de alguma forma me fazia sorrir

Tempo...
Tempo...

Porque tu és o efêmero tempo!
Senhor, dono do passageiro que não cessa no passar.

didiu 2009