sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Sinopse de um filme mudo falado



1° ato - do silencio à queda

Calou-se, sobretudo para seu próprio silêncio. Caminhou... cambaleou feito bêbado maltrapilho com seus olhos quase cerrados fingindo não vê-la e diante dela, a bela e formosa mademoiselle, despencou-se ao chão provocando inúmeras gargalhadas de todos aqueles que o observava.
Não se sentiu constrangido, nem tão pouco envergonhado pela cena. Escondia dentro de si uma ousadia que lhe proporcionava desvairado delírio e uma exagerada altivez. E ali ficara por alguns minutos, estirado ao chão com o nariz apontado para a direção daquele belo rosto doce e angelical com toda sua singeleza poética. E ela o observava atenciosamente, mas sem entender muito bem o que estava ocorrendo.
O silêncio dele murmurou baixinho ao seu ouvido fazendo com que seus olhos gritassem com enorme entusiasmo de uma alma excitada. Apenas o fato da presença dela ali diante dele lhe bastava. Era sua bela glória! Proporcionava-lhe uma sensação de um conforto que não se consegue dizer.

Aquela era sua elaborada despedida. Despedia-se de sua admirável musa de tantas histórias escritas por ele. Decidira não mais desejá-la... Contemplá-la. Dali por diante a deixaria adormecida em sua memória de poeta e eternizada em suas poesias. Talvez isso explicasse a inusitada e confusa cena. Queria que fosse daquela forma, completamente excêntrica!Dessas que ficam marcadas e tornam-se famosas e comentadas por todos e todos em todos os cantos de todas as cidades, vilarejos e povoados, desejosas pelos amantes e aventureiros romancistas de belas historias de amor.

Grande parte de seus concidadãos considerava-o um bocó, muito mais do que um excêntrico poeta, mas isso, entretanto, não o incomodava. Não se importava com comentários de outrem e daquela sociedade para ele conservadora e choldra... todavia ele brincava com o mundo. Mas, tratando-se de suas sentimentalidades no campo das paixões para com uma mulher, ele era verdadeiro. Tinha a bela e formosa mademoiselle como sua musa inspiradora das suas tantas e muitas deliciosas escritas. Ainda mais... visto que, musas não se encontram por aí com tanta facilidade. Musas não nascem ou brotam da terra feito ervas que se espalham pelos campos e ou matas e florestas. 


2° ato – O dialogo


Ela: Machucou-se senhor?
Ele: Não, bela mademoiselle. Desculpe-me por tê-la assustado, estava tão desatento que não percebi estas deformidades na rua, por isso me desequilibrei e caí. Sinto muito, muitíssimo mesmo, não pude evitar. Devo ter lhe assustado.
Ela: Sim! Confesso ter me assustado muito e até pensei no pior. O senhor poderia ter se machucado. Estas ruas da cidade! Estão todas assim deste jeito e a nossa prefeitura não faz nada pra resolver. Um absurdo! Para onde vai o dinheiro arrecado dos impostos que pagamos?
Ele: Boa pergunta!

 
Tamanho embaraçamento surge em seu pensamento. Não esperava por aquele tipo de reação, e toda aquela preocupação dela por ele. Muito menos o questionamento dos buracos das ruas levantado por ela. Bate-lhe então súbito arrependimento... mas,entretanto, apesar de todo arrependimento que o incomodava, pensou em algo para redimir-se. Foi quando teve a ideia de convidá-la e corteja-la ao outro lado da rua e juntos tomarem um chá da tarde




Ele: Mademoiselle gostaria de convidá-la a tomar um chá comigo e prolongarmos este assunto sobre nossa prefeitura e seus administradores corruptos.

Ela: Sim! Gostaria muito e aceito o convite, mas adianto-te já que não poderei ficar por muito tempo em vossa companhia, pois tenho um compromisso mais tarde no qual não posso deixar de ir. Tenho uma reunião com alguns amigos e amigas e para ser mais clara com o senhor, trata-se de uma reunião aonde definiremos horário, data e local para um sarau de poesias que estaremos realizando no próximo mês.

Ele: Então queira acompanhar-me mademoiselle, falaremos mais sobre este assunto. Interessei-me muito! Aquela cafeteria do outro lado além de cafés e deliciosos licores, também serve bons chás.

Ela: Humm... interessei-me pelos licores!



E seguiram os dois na direção da cafeteria que ficava do outro lado daquela rua com seus polêmicos buracos. Ele com assumida alegria em seu rosto, e ela com um delicioso charme e simplicidade que o deixava definitivamente seduzido.

  

Didiu 2012


quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Lentamente...



Devagar no silencio de tua alma
Escondo-me para que tu possas me ver assim
feito poema
na tua pele
nos teus seios
nos teus ombros
na tua língua
minhas mãos escorrendo pela tua sede, pelas tuas pernas...
      
Cativo teu gozo, teu perfume para mim, tua essência, teu corpo sem vestido
Tua nudez me vestindo, teus olhos me sorrindo num movimento atento amiúde

Devagar ao teu lado sem pressa por todos os lados.


Didiu  2012

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Do jeito dela






Calo-me em teu colo
Silencio-me no deleite de teu corpo
Emudeço olhos
Minhas mãos falam sobre ti, em tua pele habito
Acaricio tuas rimas... teu despir. Ejaculo palavras precocemente
Bendito és teu corpo, tua alma, que respinga letras pra brotarem versos e fazer de mim poema

Pra esta tarde convido-te!
Estico os braços, dou-te as mãos

Queira acompanhar-me
Venha calar-te em mim!

Deixe voar teu corpo. Te atires aqui do teu jeito!

Didiu  2012

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Feu






Existo, logo vejo
Logo insisto

Não. Não quero ter obrigação de abrir portas, de abrir janelas, esculpir a luz branca

Existo, logo fecho os olhos

Respiro
Respiro

Metade de mim permanece em chamas
A outra parte é a incendiaria

Convido vossas excelências detentoras de tantos “saberes” a permanecerem em silencio e esticarem vossos nobres ouvidos cegos para sentirem as labaredas alaranjadas do meu pensamento, das minhas adustas palavras.
Existe música e também a dança!
Vejam com vossos próprios surdos olhos!

Fire          fogo           fuego      


Didiu  2012