quinta-feira, 31 de março de 2011

PERSONA

Avesso ao avesso
Consome o mel
A libido e mil volúpias
Toda discrepância será ousada
Paráfrases surtam em libertinagem
Um ponto final ou duas vírgulas
Revisitei a minha mais nova persona
Meu monologo me traiu por algumas muitas moedas
Agora estou perdido numa contra mão aqui em Londres
Avisto uma rua sem saída com um muro alto que me parece impossível ser ultrapassado
Necessito me refazer, me recompor de uma máscara pesada
Ó meu fiel monologo, por que me abandonastes?

Avesso desbotado
Perfilam-se as idéias, os diálogos
Quem em sã ousadia atrever-se-ia me interpretar num palco?
Tragam-me a mais nobre guilhotina! Arrancarei a sua insensatez!

Primeiro ato: agir
Segundo ato: cuspir
Terceiro e ultimo ato: sorrir


Peço-lhes desculpas
Calço minhas sandálias
Saio do meu avesso
Atravesso calmamente
Faço-me rascunho e gloria
Purifico-me.


Didiu  2011



segunda-feira, 28 de março de 2011

UMA CRÔNICA FILOSÓFICA

Ele não dizia nada, nenhuma palavra ousava
Queria apenas estar ali, prostrado, calado
Contemplando tudo
Mudo em silêncio, descobrindo a fé e outras tantas verdades
Um encontro em-si, para-si
Revelou-se naquele momento sua tamanha necessidade de sonhar
Por mais que tentassem lhe provocar, não lhe importava muito, sua reação era a mesma, aparentemente tranquila e sensata.Mal sabiam da fúria intempestiva que lhe era inerente.Dosava em conta gotas todo seu mau humor
Por fim, desejava muito não desperdiçar seu nobre tempo com velhas tolices. Suas influências literárias e filosóficas o deixava em circunstancia privilegiada em relação a outrem. Uma condição humana de super potencia.
Seu sorriso era carregado de um certo cinismo. Herança da velha escola de Antístenes. Seu olhar sobrevoava pela multidão que o subestimava, mas de uma forma que lhe era peculiar, retratava todos com sua nobre sabedoria, transformando-os em arquétipos para seu laboratório.
E tudo se transformava em risos, risos, risos... e mais risos. Gargalhadas eufóricas, novas deduções, abria-se um leque de perspectivas, uma gama de diversificadas teorias surgia.
O que poderia ser mais prazeroso para ele, a não ser suas novas descobertas acerca do homem e sua episteme?

Para muitos, um imbecil, para poucos, um filósofo.

Didiu  2011. 

segunda-feira, 21 de março de 2011

VONTADES FILOSÓFICAS

Vontade de sentir vontade
De quebrar os ovos
De comer geleia
Algo que seja doce ou agridoce
Vontade de correr atrás de quaisquer nuvens brancas que se assemelham a flocos do doce algodão
Poderia eu estar no medievo, para conspirar contra aquela igreja manipuladora da fé
Mas não estou!
Vontade do opaco,do gélido, do incolor, das cores do televisor sem cor
Desejo da vontade do porvir, do vir-a-ser, do Zaratustra e eu, das lágrimas de Heráclito
Vontade dos anseios do poeta, da reviravolta das letras, das cartas escritas, do amor enfadonho... de tudo aquilo que um dia foi um sonho e não se tornou realidade.
Vontade que virou utopia!
Vontade de potencia, do grito, da loucura em demasiado
Vontade, vontade, vontade... 
Vontade de todas as vontades, por mais absurdas e estranhas que sejam ou pareçam ser.

Vou construir uma casa,
de cima para baixo
Vou comprar tijolos flutuantes
Vou convidar toda criançada.

Didiu  2011

quarta-feira, 16 de março de 2011

O Blefe

Leve, breve
Um blefe
Um logro
Cartas não embaralhadas
Cartas já marcadas
Atrapalhadas, Mal quistas
Jogos, gestos e trapaças
Sorrisos mascarados
Mil caras, mil bocas
Charutos e cigarros
Símbolos,sinais e signos
Os quatro naipes
Boêmios sonhadores e zombadores das convenções sociais
Jogam as cartas,as mazelas... a mediocridade do ouro dos tolos
Santa benevolência!
Leve, breve
Um logro
Um blefe
Copos de uísque sapateiam ao ritmo dos assobios
Sentinelas de plantão
Todos a postos!
São cães sedentos pela vitória,devoradores habilidosos de noites frias e quentes
Dotados de certo charme e um enorme paladar refinado, degustam a vida.A boemia!
Um blefe
Um logro
Leve e breve
Outro viés.


Didiu  2011
 

segunda-feira, 14 de março de 2011

AQUELA MULHER

Pés descalços, sem sandálias ou sapatos
As luvas calçam suas mãos nuas
Um sorriso se desvencilhando de seu cativeiro... seu esconderijo
Quem é aquela mulher?
Quem é aquela mulher vestida de cetim, se despindo de sua doce inocência, provocando encantamento a escritores romancistas e poetas marginais?.
Poder-se-ia porventura ser uma atriz com a sua mais nova personagem meretriz à flor da pele, experimentando e degustando da inusitada reação de todos aqueles que a deseja.
Olhares provocativos por onde passa
Também há boatos que seria ela, a Geni, a procura desesperadora do enorme Zepelim
Boca vermelha, e uma tamanha leveza nos seus passos descalços
Até os quatro ventos se renderam ao seu encanto, resvalando em seu belo corpo brando, conclamando os Deuses mitológicos para uma assembleia deliberativa.
Escolherão enfim aquele que ira cortejá-la?
Quem é esta mulher de tantos versos, amores, sabores e sonetos sob um sol de meio-dia contemplando flores de outono?
E ela passou
Foi-se...
Desfazendo-se de tudo 
Despiu-se, olhou para o lado, e com um sorriso lascivo foi embora desaparecendo ao longe, deixando para trás um rastro de excitantes sussurros e murmúrios delirantes.
Afinal, quem era aquela mulher?

Didiu  2011

sábado, 12 de março de 2011

O GUARDA CHUVA AMARELO E O LOBO HOMEM


O guarda chuva amarelo também guarda o tempo
O tempo e suas vaidades
O efémero ainda é pouco e lhe causa alguns constrangimentos
As longas tardes chuvosas instigam seu pensamento propondo-lhe passear pela cidade apática pelo caos que o transito sempre provoca
Ele observa atenciosamente o movimento dos lobos homens
Motocicletas e automóveis apressados circulam por ruas e avenidas avançando os sinais
Estes super patéticos patetas se assemelham a predadores famintos na busca incansável de qualquer presa fácil que possa satisfazer seus estomagos vazios.Demarcam território e os protegem, afrontando e digladiando-se sob qualquer suspeita de ameaça.
Parece não existir juízo de bem ou mal...estão desprovidos de valores morais.Falta-lhes uma consciência ética que os mobilize para uma auto reflexão acerca da relação com o outro. Falta-lhes medo para terem esperança. O Homem ainda é lobo do Homem.
E assim segue nosso bom moço acompanhado de seu pensamento aflorado. A cada passo, curto ou longo, seu descontentamento com o lobo Homem é constante.
 Quando se chega ao topo, as palavras despencam. Caem em queda livre em forma de chuva alagando toda a cidade.

Didiu 2011.

sábado, 5 de março de 2011

O CURTO POEMA E AS FORMIGAS DOCEIRAS

Apresento-lhes aqui 
Um curto poema
Sem muitos dizeres
Com poucas palavras
Não indagarei o dia a dia
Não falarei de flores quaisquer
Falarei pouco em demasiado para não delongar controvérsias
Apenas um curto poema
Que de certa forma poder-se-ia ser um conto, ou porventura uma fantástica e instigante fábula 
Pois, há poucas horas enfim descobri, o tão procurado esconderijo das infortunas formigas ladras de açúcar
Há cerca de quatro meses investigo o caso destas formigas doceiras, saqueadoras e forasteiras
Mas, conforme o anuncio apresentado aos cavalheiros,damas,e,ou cortesãs
Findo aqui meu referido curto poema
Que de tão curto, talvez passasse despercebido pelos seus olhos despidos.


Didiu  2011

terça-feira, 1 de março de 2011

EXCÊNTRICOS HOMENS DE GÊNIO

Boêmios, carteiros e poetas drummondianos e suas variáveis poesias variáveis,
contemplando qualquer pedra pelo caminho
Perpetram pelos bares e cafés com seus escritos em rascunho
Algumas indagações acerca da embriaguez de Dionísio são reveladas em versos curtos
A musica na velha vitrola
Um Van Gogh torto dependurado na parede
O relógio que não mais marca as horas... o tempo
E de mãos dadas adentram madrugada com seus amigos Josés cortejando damas, reis e valetes
Boêmios, carteiros e poetas
Todos com sete faces regozijando em pétalas
Bem me quer, mal me quer...
Querenças doces querenças
Poder-se-iam dizer que são loucos
No entanto não são, são apenas excêntricos homens de gênio que deixam marcas eternizadas por onde passam
Suas pegadas são suas letras em versos, contos, poesias...
Vida antologicamente poética.


Didiu 2011