Outrora aurora, amora que permanece
Bendito fruto
E aquele beijo entrelaçado ali
Sentenças orações e crenças
Sabores intermináveis e as horas passando pela janela do
quarto vazio
O olhar adocicado de Bia transitava pela casa devorando
retratos: imagens, cenas, momentos, risos, fotografias desbotadas e algumas
miragens
Seu pensamento remetendo-se as lembranças de sua infância
com suas fantasias, sonhos... medos. Sua boneca costurada na velha máquina de
costura da avó, na qual também já serviu de nave espacial, ou, um antigo
calhambeque com asas de avião preparado com tábuas de passar roupas.
Criatividade e divertimento nunca faltou para Bia na sua meninice. Levada da
breca vivia dependurada em pés de manga e goiabeiras, sonhava com uma casa na
arvore para lá poder se refugiar com sua boneca e seus livros prediletos de contos e
fábulas e se sentir a narizinho do Sitio
do Pica-pau Amarelo.
Bia sorria com lágrimas nos olhos, seus olhos eram negros
e sempre brilhavam, brilhavam tanto que pareciam enormes faróis.Faróis que guiam navegadores perdidos à
deriva na busca de uma terra à vista, de um cais de qualquer porto seguro.
Recapitulação nostálgica, sedução... memorias fotográficas
alongando-se pelos cantos dos cômodos da casa... pelos corredores, espelhos,
pelas cores, nas paginas dos livros ainda não lidos, na música – trilha sonora.
Sonolento tempo que passava veloz
anunciando a renuncia da lágrima, o desejo da permanecia, a saudade, sua
historia, seus contos, lembranças da
presença da pele, do beijo de Antonio.
Antonio preparava ansiosamente suas malas e sua volta.
Didiu 2014
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