quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

nostalgie - Bia e Antonio



Outrora aurora, amora que permanece

Bendito fruto

E aquele beijo entrelaçado ali

Sentenças orações e crenças

Sabores intermináveis e as horas passando pela janela do quarto vazio

O olhar adocicado de Bia transitava pela casa devorando retratos: imagens, cenas, momentos, risos, fotografias desbotadas e algumas miragens

Seu pensamento remetendo-se as lembranças de sua infância com suas fantasias, sonhos... medos. Sua boneca costurada na velha máquina de costura da avó, na qual também já serviu de nave espacial, ou, um antigo calhambeque com asas de avião preparado com tábuas de passar roupas. Criatividade e divertimento nunca faltou para Bia na sua meninice. Levada da breca vivia dependurada em pés de manga e goiabeiras, sonhava com uma casa na arvore para lá poder se refugiar com sua boneca e seus livros prediletos de contos e fábulas e se sentir  a narizinho do Sitio do Pica-pau Amarelo.

Bia sorria com lágrimas nos olhos, seus olhos eram negros e sempre brilhavam, brilhavam tanto que pareciam enormes faróis.Faróis que guiam navegadores perdidos à deriva na busca de uma terra à vista, de um cais de qualquer porto seguro.

Recapitulação nostálgica, sedução... memorias fotográficas alongando-se pelos cantos dos cômodos da casa... pelos corredores, espelhos, pelas cores, nas paginas dos livros ainda não lidos, na música – trilha sonora. Sonolento  tempo que passava veloz anunciando a renuncia da lágrima, o desejo da permanecia, a saudade, sua historia, seus contos,  lembranças da presença da pele, do beijo de Antonio.





Antonio preparava ansiosamente suas malas e sua volta. 

Didiu 2014 

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