Eros permitiu
E sob teu
consentimento fez-se... quão mágica brisa suave tateando a flor da pele
O poema, o beijo, a
música bela que fazia incitar cadenciando o verso
O íntimo dos olhos, a
amada alma, o âmago
A presença, o
presente, o pedido atendido
Eros permitiu
Escreveu num sonho a
lembrança
Páginas e páginas,
nas folhas de outono, no ritmo da chuva fina fria
Não fez pra doer, nem
quis rasgar, despedaçar pétalas, seu querer se fez maior, entretanto, a lágrima
caiu moldando o sereno, o pranto. As luzes se foram, ofuscaram-se com o tempo
no caminho da volta furtando os segundos, os minutos seguintes. O silêncio
sobre o asfalto descoloriu o tom e sem poder dizer o bom que foi, fez mais um
poema que dentro dele pousou sentindo constrangimento, se escondendo
cabisbaixo, mas loucamente ansioso para se revelar e tornar-se saudade com
gosto doce de uma aurora que devora nuvens brancas aonde habitam todos os
anjos. Toda reviravolta em seu
pensamento removia os manhosos moinhos que insistentemente trituravam-no
reduzindo e fazendo dele pequeninos grãos de letras, partículas frágeis e
solúveis, prestes a desaparecer em qualquer copo de café forte ou de uma bebida
agridoce.
O beijo dela ainda o
despertava condensando-o por horas e horas. Aquele momento poderia voltar, era
sem duvidas seu desejo, um belo retorno com augusta sensação agradabilíssima
quão canto dum querubim ou poema dum poeta romancista do século XVIII.
Singeleza de uma
mademoiselle de Vila Rica com seus atributos encantadores faz dele um contemplador,
um galanteador a fim de conquistá-la, trazê-la definitivamente aos seus braços,
conduzi-la quiçá a uma dança lenta, ou porventura, a uma valsa vienense. Seria
um só corpo envolvido e conduzido pela harmonia da bela musica com seus tons
suaves. Tonalidades que provocariam efervescência aos corpos entregues a um
delírio comovido.
Todos seus desejos
são esculpidos, talhados por ela, por aquele par de olhos semelhante pedras
preciosas tal qual aquelas cobiçadas pelos navegadores de barbas longas do
além-mar.
Ela torna-se
obra-prima diante dele e de seus fiéis pincéis em punho permitindo-o realizar
sonhos representados confortavelmente em suas telas. Tintas modelando aquele
rosto de menina mulher que quando os olhos se fecham consegue tocá-la, sentindo
toda a quentura de corpo e alma.Uma historinha romântica construída por ele, e
se o perguntassem quem seria ela, logo responderia com imponente voz:
_ Minha mais bela
poesia!
Ele se faz sempre
acompanhado de alguns livros, literaturas, todo seu dialetismo, pensamento
metafísico que o permeia, permeia seu ser, imaginário mundo de sereias com asas
de butterfly, palavras que dialogam entre si, sua Deusa utopia progenitora de
suas ideias, mesmo as mais absurdas das ideias. Permite esferas flutuarem pelo
deserto donde não habitam camelos, nem dromedários. Um amarelo submarino e ela,
a mademoiselle de Vila Rica, com sua vermelha flor desabrochada em seus longos
cabelos de ouro. Uma rosa que ele ainda tece para ela, e suas mãos sujas de
tintas na dança louca dos seus fiéis pincéis, enquanto do lado de fora o tempo
move, remove secas folhas dispersas e adormecidas pelo chão corrompido pela
sujeira cansada, velha e translúcida.
Didiu 2013
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