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Fiz mais um poema pra virar poesia
Pra todo instante poder transformar
Pelo avesso andar feito verso,
E sob a lua cheia atravessar o mar
Fiz um poema pra ela sentir-se pétala da flor do poeta
Desabrochar no canto da brisa, perfeita
No tinto vinho de Baco, suave
Fiz mais um poema pra revirar poesia
Bendizer sonetos
Conduzir tercetos
Espalhar aromas
Exalar perfumes e tons
Palavras desassossegar
Fiz assim do jeito que faço
Feito bem feito, cadenciado, devagar
Revelando segredos nas linhas, nas curvas das retas, nas
entrelinhas
Poema ou poesia, tanto faz
Fiz mais um poema
No conto, no encontro
Que conto na fabula pra virar poesia
No meio da noite, no meio do dia
E ela me pediu pra fazê-lo assim
Rimando, tecendo, entrelaçando rimas
Fim.
Bia leu vagarosamente o
poema, deliciando-se a cada verso com pequenas lágrimas nos olhos que escorriam
caindo sobre aquelas poéticas palavras escritas, fazendo daquele papel, palco
para uma borrada aquarela preto e branco. Antonio havia cumprido com a sua promessa
atendendo carinhosamente ao pedido de Bia, aquela carta continha a primeira
poesia que ele escrevera a ela nos seus primeiros dias em Marselha, na França.
Momentos depois, Bia recolheu delicadamente seu tão esperado
e significativo presente. O colocou de volta dentro do envelope azul, caminhou até
o quarto. Em sua vitrola um Serge Gainsbourg, faria boa companhia naquele momento, então apagou a luz deixando acesa apenas a
do abajur que ficava ao lado da sua cama, deitou-se fechando os olhos e abrindo
levemente um confortável sorriso. Bia adormeceu para atrever-se em seus sonhos.
Didiu 2014 . * Música incidental - “Je t'aime moi non plus” - Serge Gainsbourg
Um comentário:
Já sou fã destes dois.
Quero bis.
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