segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Minha Érato



Faço-te alguns bilhetes
Inúmeras cartas escrevo-te
Faço-me carteiro poeta
Beijo tuas mãos e com todo possível cavalheirismo cortejo-te
Cortejo-te em meus bondosos e deliciosos devaneios

Tu és minha adorável mademoiselle!
Senhora dos meus séculos!

Convido-te para uma dança na qual me ousaria respirar cada sorriso de teus olhos
Continuaríamos

Faço-te flor
Uma flor vermelha para desabrochar
Da cor do batom da boca tua que borra pele
Quão sangue que corre, percorre pelas  minhas, nossas, tuas veias

Faço-te poema
Quão sempre fiz (quis) em minhas noites, madrugadas e dias, e tardes frias longas  quentes e infinitamente minhas. Somente minhas
Faço-te conto ou crônicas que narrem sonhos que transcendem meu eu quase poeta
Faço-te Érato. A amável! Que inspira a poesia amorosa. Filha de Mnemósine e do sábio Zeus!

Em 80 segundos dou a volta ao mundo. Minhas “Vinte Mil Léguas Submarinas”

E num canto qualquer descanso e amanso o rancor do súbito e sonoro silencio que escandaliza minha alma!

Faço-te alguns tercetos
Deixo os sonetos para depois que brincarmos de esconde-esconde e pularmos amarelinhas nas nuvens do olimpo

Minha música também é tua! Ofereço-te

E para sempre irei dormir com todo amém em mais uma dose do meu doce vinho de Baco. Nosso Dionísio “dos ciclos vitais, das festas, do vinho, da insânia, mas, sobretudo, da intoxicação que funde o bebedor com a deidade. Filho de Zeus e da princesa Semele, o único deus olimpiano filho de uma mortal, o que faz dele uma divindade grega atípica”.

Beijo...amém.



Didiu  2012


 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Distrações com a lua



Driblo driblo abstrações, minhas abstinências, corrijo-me, conjugo-me variavelmente em torno desta ou daquela temporalidade tonta.
Sigo devagar porque minha pressa já passou por mim, já não está mais aqui, já não estou mais aqui, ali, acolá, por aí. Tive que sair. Ler um livro que me fizesse sonhar, voar. subsistir
Retornei decidido construir asas para mim, fugir do corrompido. Entregar-me a ti
Mesmo assim...
Só eu sei!  
Talvez ao mel eu devesse...
...

Distancio-me de quaisquer mãos que não me dão... então...conforto-me
Madeixas, melenas
para me deparar... reparar

Deixo não me queixo

Estico os braços, as mãos, toco os teus, as tuas, reviro-me do avesso

Queria ser abduzido por poemas para alcançar-te, ver o sol distrair-se por horas

Estico os braços, as mãos, ofereço-te meu vinho tinto

Não me acanho em dizer-te:

_Tu és minha linda lua tonta que como eu também minguas!


Didiu   2012


sábado, 8 de setembro de 2012

INSURREIÇÃO ( FRENESI )




Mastigas asas da tua candura, arrasta peçonhenta
Debruças, derruba teu cálice... lamba teu vinho
Sirva-me com teus pés, resolva minha volúpia

Teu corpo
Tuas armadilhas

Faça-me ato

Desata minha língua

Faça do teu (meu) corpo a tua insurreição
Vista-me com teu perfume, firma deleitamento meu

Nossos nós dois sobre cama, pelo chão cheio de nós apertados
E quando vir primavera desabrochará nosso gozo

Acerta-me com beijo teu, com teus olhos, com (an)seios teus
Fustiga-me
Arrepia-me
Faz-me tremular com suave violência desmedida

Venha sorrateira lenta depressa, sinta-me pelo tato

Afaga-me
Ata-me
Deixa-me penetrar alma.


Didiu 2012