quarta-feira, 27 de julho de 2011

DO RÉS-DO-CHÃO ÀS ALTURAS


Gravata borboleta, um laço.
Primeiro ato: Um nó
Ela: quem sois vós?

Segundo ato: Desata... ata-se.

Ele... de pé... e tropeça diante dela lançando-a ao chão
Ele: Mademoiselle queira-me desculpar, sou tão distraído.
Ela: Seu imbecil distraído!

Na rua dos bêbados exaltados em delírios, fornicadores afoitos avançam sobre as raparigas.

Elas: Deveriam aprender o latim!
Alguns zombadores: E o cavalheirismo!

Ele agora cabisbaixo em lamentação remoendo Álvares de Azevedo vê sua alma transcender.
Sua indisciplina se esvai.

Terceiro ato: Sobre a elegância e a eloquência.
Servi-se da bebedeira com requinte elegância e eloquência refinada.
 
Ele: ”Amemos! Quero de amor
         Viver no teu coração!
         Sofrer e amar essa dor
         Que desmaia de paixão!
         Na tu'alma, em teus encantos
         E na tua palidez
         E nos teus ardentes prantos
         Suspirar de languidez!
         Quero em teus lábios beber
         Os teus amores do céu...”

Ela: O que declamas com tão desenvoltura?
Ele: “Amor” de Álvares de Azevedo! Escritor da segunda geração romântica. Contista, dramaturgo, poeta e ensaísta brasileiro.
Queira-me desculpar mais uma vez pelo constrangimento de vossa queda.

Dezenas de sorrisos brotam nos olhos da bela mademoiselle, agora fascinada pelo (dês)alinhado e bêbado poeta.


Didiu  2011

terça-feira, 19 de julho de 2011

DA TERNURA DA PALAVRA


Degustando da ternura da palavra
Qual palavra certa (?)
Um pensamento... insight
Dos olhos teus, dos sorrisos meus
Vou-me embora pra pasárgada, também quero ser amigo do rei!
Tecendo, parafraseando, bordando ponto cruz... verbos e retalhos
Qual palavra certa (?)
Transitória duvida imaculada
Da palavra ao texto
Meu texto torna-se seu, nosso... pão nosso
A cada dia, a cada noite, muitas manhãs e o entardecer à mesa posta
Qual palavra certa (?)
Que me irrompe me joga ao longe... tão perto de mim.
Qual palavra pronunciada de pele branda arrepia alma, emudece a fala e adormece nas tortas entrelinhas?   
A palavra não tem fim.
Vou-me embora pra pasárgada, também quero tomar banhos de mar! 

Didiu  2011

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O ÓCIO

Sugiro a mim mesmo um deleite
Uma xícara de café com leite
Alguns verbos e predicados
Verso inverso ao avesso
Palíndromos subindo e descendo ladeira, dançando quadrilha numa festa de Santo Antônio, e seguindo minhas próprias sugestões e algumas tradições... proponho me transverter no santo casamenteiro.
Pois sou benquerença e temperança

Posso sugerir um episódio sem epilogo, ou um filme novo para a sessão da tarde
Mas passo minhas tardes com preguiça... eu sou terrível! Clichê!
Sugiro a mim mesmo permanecer quieto para poder enfim me inquietar.
O ócio é o negocio
Preciso de mais um osso!

Didiu  2011

quinta-feira, 7 de julho de 2011

DEVANEIO IMÓVEL



Ato prostrado
Devaneio imóvel
Um grito contido
Sem perder a ternura e a quentura

Aonde vou? Já fui!

Meu tipo estereótipo
Sonhos e alegorias em narrativas quaisquer
Quero minha marcha para além deste homem
Quero jantar com Clarice, Cecília e aquele velho novo de barbas brancas.
Meu terceiro sol remexendo meu dia, me dando bom dia, e ao findar o dia, ainda não seria tarde. Apenas o crepúsculo.


Didiu  2011