quarta-feira, 11 de maio de 2011

"A língua saliva os dentes"

Poemas dependurados em varais verticais
Longe da chuva e dos ventos que os lançaram para fora do cortiço.
Depois de salvos e enxutos, será possível reescrevê-los e dizer a todos que quase foram totalmente perdidos por uma displicência santa.
Orgulha-se das reluzentes pétalas prateadas daquela rosa que desabrocha no seu dedo da mão direita. Dedo que indica indícios de uma gota de tinta que supostamente escapara da antiga caneta da sua avó. Enquanto a chuva não cessa... O tempo passa pelos relógios. Tempo louco de um esquizofrênico mundo dos homens. Homo sapiens, homo faber, homo sociologicus, homo economicus...
Ela, concentrada em frente à sua escrivaninha estima-se da gloriosa necessidade de escrever qualquer coisa que a permita afrontar os contrários. Seus olhos elásticos a conduzem para dentro e fora do cortiço. Ela sai em disparada pelos confins de sua razão distraída, e sob efeito hipnótico pelo tic tac do relógio na parede de seu quarto, e o alvoroçar dos pardais amontoados sobre os fios de alta tensão que anunciam o final daquela chuva passageira, retoma sua atenção para os poemas ali dependurados, quase secos...  prontos para serem rascunhados e dissecados. 
A sua maliciosa mente promiscua e transgressora não vê a hora de despejar sobre aquelas folhas, suas mais deliciosas fantasias de mulher apaixonada pela vida, pelas aventuras amorosas, que fazem de sua memória um desejado  jardim das delicias.  



" A língua saliva os dentes."


Didiu  2011

Um comentário:

Luiza Jardim disse...

Olá! Tem um desafio para vc lá no meu blog!! Passa lá!!

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Até