sábado, 11 de julho de 2015

Bia e Antônio - A carta



E os poemas saltitavam pelos ares, saiam de uma abandonada gaveta de uma pequena escrivaninha amarelada pelo tempo. Diziam coisas e cores estampadas nas entrelinhas e pelas linhas escapavam revelando o abandono.
Espalhadas e dispersas confundiam-se contentes
Na memória da escrita um breve passo – moedas, marcador de texto e uma garrafa de vinho tinto fino seco.
Música de cór: trilha sonora pré-fabricada para resgatar amuletos
Lua cheia teleguiada no ar – televisão ligada, liquidificador e a dor agridoce da anacrônica crônica.
Tempo e contexto
Há controvérsia!
O acaso ao acaso casualmente casual

_Nada é igual, porém, há semelhanças.  Bia indagava!

Ela arrastava as mobílias do apartamento, fazia uma grande faxina nos cômodos e ao mesmo tempo no seu pensamento. Poeira pelos cantos, bolinhas de papel – maquina de escrever. Reposicionava alguns objetos e móveis, tudo para lhe parecer novo, uma sensação gostosa de novidade para lhe despertar inspiração para um novo texto, uma nova escrita em mente. Mais uma dose de vinho para saborear, brindar os sonhos... a vida! Bia sabia perfeitamente de uma forma bem peculiar aproveitar seu tempo, inventava e se reinventava com tamanha criatividade desvencilhando-se das rotinas enfadonhas. Alias, o tempo não a controlava. Ela era soberana de si mesma.

O interfone interrompe Bia dos seus afazeres e dos seus pensamentos. Era o porteiro do prédio dizendo para que ela descesse, pois tinha uma correspondência de Paris para ela la embaixo na portaria.
Ela desce ansiosamente correndo pelas escadas.

_ Olá, Sr. Pedro! O que tem para mim aí?

_ Olá Bia! Chegou está carta e este embrulho para você.

Bia pega o envelope juntamente com o embrulho e sobe em disparada se esquecendo até de  agradecer ao Sr Pedro, sua ansiedade era maior que qualquer outra coisa. Mas, antes que chegasse ao seu andar, ela grita feliz:

_ Obrigada, Sr. Pedro!!! 

Já em seu quarto, sobre a cama desarrumada, Bia abre vagarosamente o envelope. Era uma carta de Antônio para ela diretamente de Paris.
Bia sorri por fora e por dentro. 

Didiu 2015 




2 comentários:

Taciana disse...

mexendo nas mobílias, mal sabia que uma novidade lhe interromperia!
acredito que o tempo posterior foi bem aproveitado por Bia!

Taciana disse...

Abre essa gaveta amarela pra encantar nossos olhos, poeta! Bom domingo!!