E os poemas saltitavam pelos ares, saiam de uma
abandonada gaveta de uma pequena escrivaninha amarelada pelo tempo. Diziam
coisas e cores estampadas nas entrelinhas e pelas linhas escapavam revelando o
abandono.
Espalhadas e dispersas confundiam-se contentes
Na memória da escrita um breve passo – moedas, marcador
de texto e uma garrafa de vinho tinto fino seco.
Música de cór: trilha sonora pré-fabricada para resgatar
amuletos
Lua cheia teleguiada no ar – televisão ligada,
liquidificador e a dor agridoce da anacrônica crônica.
Tempo e contexto
Há controvérsia!
O acaso ao acaso casualmente casual
_Nada é igual, porém, há semelhanças. Bia indagava!
Ela arrastava as mobílias do apartamento, fazia uma
grande faxina nos cômodos e ao mesmo tempo no seu pensamento. Poeira pelos
cantos, bolinhas de papel – maquina de escrever. Reposicionava alguns objetos e
móveis, tudo para lhe parecer novo, uma sensação gostosa de novidade para lhe
despertar inspiração para um novo texto, uma nova escrita em mente. Mais uma dose
de vinho para saborear, brindar os sonhos... a vida! Bia sabia perfeitamente de
uma forma bem peculiar aproveitar seu tempo, inventava e se reinventava com
tamanha criatividade desvencilhando-se das rotinas enfadonhas. Alias, o tempo
não a controlava. Ela era soberana de si mesma.
O interfone interrompe Bia dos seus afazeres e dos seus
pensamentos. Era o porteiro do prédio dizendo para que ela descesse, pois tinha
uma correspondência de Paris para ela la embaixo na portaria.
Ela desce ansiosamente correndo pelas escadas.
_ Olá, Sr. Pedro! O que tem para mim aí?
_ Olá Bia! Chegou está carta e este embrulho para você.
Bia pega o envelope juntamente com o embrulho e sobe em
disparada se esquecendo até de agradecer
ao Sr Pedro, sua ansiedade era maior que qualquer outra coisa. Mas, antes que
chegasse ao seu andar, ela grita feliz:
_ Obrigada, Sr. Pedro!!!
Já em seu quarto, sobre a cama desarrumada, Bia abre
vagarosamente o envelope. Era uma carta de Antônio para ela diretamente de
Paris.
Bia sorri por fora e por dentro.
Didiu 2015
2 comentários:
mexendo nas mobílias, mal sabia que uma novidade lhe interromperia!
acredito que o tempo posterior foi bem aproveitado por Bia!
Abre essa gaveta amarela pra encantar nossos olhos, poeta! Bom domingo!!
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