sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Laboratório de nuvens



Uma nuvem pousou logo ali
E diante de mim
Choveu
Outras nuvens se ajuntaram
E distante de mim
Trovejaram.
Acostumei-me com a brisa, mas, tenho saudades dos ventos, dos velhos e fortes ventos
Umbrelas servem para guardar as chuvas, mas, as chuvas não vêm.
Guarda-chuva guarda sombras... e os girassóis giram sós!

Didiu 2015 


Epístolas



Rumores de cartas escritas perfiladas prontas mas, guardadas
Rumores de chuvas trazendo uma canção nova, uma nuvem passageira de passagem para passar o tempo comigo
Ventos diurnos, brisas noturnas
E minhas mãos sobre os papeis (re)escritos, esquinas das (entre)linhas, fragor dum amor aluído
Dissolvo-me em confissão debruçado sobre magoas, minhas razoes estúpidas  
Gotas de palavras para fortalecer minha alma de poeta desbotado requerente de cores alegres
Versos me deixando pelo avesso, pontos, interrogações. Exclamo a lágrima doce

Rumores de conforto, e nas cartas descanso voando com os meus garranchos, descrevendo e deixando para trás, sepultando a flor.  

Didiu 2015



segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

sobre as minhas asas



Minhas asas adormecem em teu leito
Pousam nos sonhos teus
Convidando-te para voar comigo
De mãos dadas, com tranquilidade necessária exagerada
Rabiscaremos labirintos para nos perdermos num encontro a sós entre as nuvens, nos céus, nos teus... nos nossos
E a gente pelas noites andantes, pelos dias iluminados, no aconchego do conforto transcendendo o calor da pele

Minhas asas despertam em teu leito
Invadem os olhos teus
E tua menina nua linda dançando flores azuis, púrpuras e escarlates.

Didiu 2015
 

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

tempo de nuvens



Só restaram nuvens
lágrimas polidas
um tempo agora desbotado e o medo do escuro
cactos vão se formando num terreno presentemente árido, ressequido, tépido
A rosa murchou em prantos
Sonhos que não se filtram

Nuvens são excelentes companhias e, definitivamente autênticas e verdadeiras. Dizem ser moradia dos anjos!
Estratiformes, Stratocumuliformes, cumuliformes, cumulonimbiformes, cirriformes. Nuvens altas, médias e baixas

Perguntas vão se formando como nuvens, depois se dispersam pelos ares da alma, os pés vão se desmanchando pelo rés-do-chão, arranhadura fazendo sangrar
O silencio grita e estica, uma criança chora de joelhos

Oração
E prece

Só restaram as nuvens 

Didiu  2014