domingo, 22 de junho de 2014

Pra pintar o sete – corre, corre Gabriel.


Pronto para aprontar
Com seus arregalados olhos atentos
Aventuras, travessuras, revistinhas com seus quadrinhos coloridos pelos sonhos com suas asas abertas e a liberdade no seu tempo das descobertas, imaginando cenários inventados
Mareando sem ter mar com seu barco de papel, põe-se a tagarelar ziguezagueando feito vagalume e mosquito maribondo como num conto de cordel.

Corre, corre Gabriel
Corre, corre pelos montes, pelo lúdico...pelas trilhas das alegorias
Corre pelo mundo vasto mundo sem ter pressa de chegar
Corre a fim de aprontar... nos presentear com a beleza da gargalhada e pular feito pipoca de pipoqueiro na porta do cinema – Saltimbanco Trapalhão

Corre, corre...
Corre sem parar, ligeiro, lento, devagar
Aqui, ali, acolá






Didiu 2014

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Bia e Antonio – O Poema

*


Fiz mais um poema pra virar poesia
Pra todo instante poder transformar
Pelo avesso andar feito verso,
E sob a lua cheia atravessar o mar

Fiz um poema pra ela sentir-se pétala da flor do poeta
Desabrochar no canto da brisa, perfeita
No tinto vinho de Baco, suave

Fiz mais um poema pra revirar poesia
Bendizer sonetos
Conduzir tercetos
Espalhar aromas
Exalar perfumes e tons
Palavras desassossegar

Fiz assim do jeito que faço
Feito bem feito, cadenciado, devagar
Revelando segredos nas linhas, nas curvas das retas, nas entrelinhas
Poema ou poesia, tanto faz

Fiz mais um poema
No conto, no encontro
Que conto na fabula pra virar poesia
No meio da noite, no meio do dia

E ela me pediu pra fazê-lo assim
Rimando, tecendo, entrelaçando rimas
Fim.


Bia leu vagarosamente o poema, deliciando-se a cada verso com pequenas lágrimas nos olhos que escorriam caindo sobre aquelas poéticas palavras escritas, fazendo daquele papel, palco para uma borrada aquarela preto e branco.  Antonio havia cumprido com a sua promessa atendendo carinhosamente ao pedido de Bia, aquela carta continha a primeira poesia que ele escrevera a ela nos seus primeiros dias em Marselha, na França.
Momentos depois, Bia recolheu delicadamente seu tão esperado e significativo presente. O colocou de volta dentro do envelope azul, caminhou até o quarto. Em sua vitrola um Serge Gainsbourg, faria boa companhia naquele momento, então apagou a luz deixando acesa apenas a do abajur que ficava ao lado da sua cama, deitou-se fechando os olhos e abrindo levemente um confortável sorriso. Bia adormeceu para atrever-se em seus sonhos.  





Didiu  2014 .  * Música incidental -  “Je t'aime moi non plus” - Serge Gainsbourg

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Bia e Antônio - Paris




Repetiu o mesmo gesto de sempre, cumprimentou a vida ouvindo mais uma vez aquela suave voz que sempre lhe sussurrou baixinho ao ouvido, repousando no pouso. Pausadamente de um jeito diferente, Antônio anotou um verso no verso dum rascunho cosido por ele mesmo momentos antes de Bia despedir-se dele, deixando uma rosa branca ao seu lado sobre a cama ainda aquecida pelo calor dos afagos e vestígios de seus corpos sedentos. 07:00 da manhã daquela segunda feira preguiçosa marcava o radio relógio que ficava na estante junto com seus queridíssimos e inseparáveis amigos livros. Meia hora depois ele despertaria para que seus olhos enfim abrissem definitivamente para o dia, para a vida, para sua inesperada viagem.
 Enquanto isso, a duas quadras dali, Bia num ponto de taxi esperava ansiosamente por um taxi que a levasse de volta aos seus sonhos, suas utopias, fantasias... para junto de seus confortáveis travesseiros que tanto lhe faziam companhia nos dias nublados sem Antônio
Naquele dia, Antônio partiria para Paris, ficaria por lá alguns meses.

Antônio gostava de François Truffault e Brigitte Bardot
Bia lia Clarice Lispector e Rubens Fonseca

Algumas horas depois, já em casa, Bia liga para Antônio

Antônio
 _ Alô!

Bia
 _ Antônio!

Antônio
 _ Bia!!!
Estava pensando em você aqui, saiba que estarei levando comigo a nossa música e a rosa branca que você me deixou. Já sinto saudades...

Bia
 _Estou ligando pra lhe dizer o quanto gosto de você, e lhe desejar uma tranquila viagem. Você estará aqui comigo todos estes meses que nos separarão, apesar da distancia estaremos sempre juntos

Gros bisou, tu me manques déjà. 



Didiu 2014

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Palavras antitérmicas

Para trás ficaram as paginas, os pontos... as reticências
Vieram novas e renovadas vontades, poesias; algumas delas em retalhos para enfeitar molduras de papel machê que está por vir, poesias para veludo cotelê
O frio esquenta-me. Minha quentura gélida. Agasalhos... cachecóis. Ornamentos, estética para meu corpo febril.
Em meu leito palavras brotam, afloram fazendo-me enfim transbordar. Derramo-me pelo chão, me estico sorrateiro na direção contraria da minha adorável lucidez previa. Por mais que pressuponho ideias, nunca me concedo a elas.
É no conforto efêmero da minha debilitação provisória que me arranjo pelo desarranjo de quaisquer que sejam as circunstancias.

Uma xícara de chá a rigor
Limão, mel e gengibre
Edredom, travesseiros e entre tantos.



 Didiu 2014