terça-feira, 27 de novembro de 2012

Existência - matéria-prima para pensamento




Devagar vagar ar devanear

Argonauta sem mar

Chuva faz pensamento. Pensamento se faz chuva. Chuva cessa passa termina
Pensamento escamoteia, fica, continua... 
Finca estaca, arranca lasca, se dissolve... vira antídoto, emplastro.

Pensamento ao por do sol, sob a lua dos amantes, delirantes guardadores do céu

Pinga
Goteja
Dispersa

Abracadabra!

Aponta, apronta, afronta

Faz-se clave, música, papel, alguns rabiscos burlescos, veludo cotelê, guarda-chuva, pincel

A insistência da cartola pariu um coelho e depois foi dormir pra chover diferente.

Didiu  2012

domingo, 18 de novembro de 2012

Meu melhor palhaço





Posso ouvir meus olhos fechados em pleno plagio dum voo
Faço fazer valer palavras em mim, arrancar do bolso uma moeda que não valha qualquer vintém
Ando melhor com os meus pés descalços... sapatos insistentemente me incomodam. Aprecio sentir o chão, adorável agridoce pra mim
Sobrevivo de metáforas, sei (aprendi) desenhar felicidade
Porventura uma gota d’água (lágrima) despencar dos meus olhos, não se preocupem, é sinal que estou sorrindo em prantos

Sou meu melhor palhaço serafim, tenho um par de asas remendadas, alinhavadas com gratidão. Talho meus sonhos, faço da chuva meu agasalho, me visto com elegância para conduzir meus segredos, meu sentimento de pertencimento provoca-me utopias pelas quais rogo preces
Circunscrevo-me com doses de tintas, palavras, poemas e alguns tantos versos

Faço girar
Meu grito, meu silencio
Meu paradoxo: errar para acertar pelo erro
Invento verdades: minhas melhores mentiras

Posso ouvir minhas narrativas... passos curtos e longos, meu mito breve abreviando-me com amores. Minhas adoráveis (a)venturas. 


Didiu 2012

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Sobre o sol que te aqueceu





Entregaste ao teu sol poente que devagar te fez brandura solene
Fizeste com olhos fechados sonhos penetrar... Apontaste para o futuro, seduziste planos com toda tua gratidão.
Deitaste como a beleza dum verso tal qual poema que te fiz
Alimentaste com teu vislumbre, tuas igrejas, teus oratórios.
Tuas vontades fizeram-te cócegas, todo encantamento do porvir, do devir

A tua tarde, o teu dia pra guardar-te e deixar-te bem para o bem-querer que te quis (quer) bem

Foi-se a história que narrou fotografia tua
Fez dela versos...
Poesia eternizar cena
Para vir grata nostalgia
Foi-se o vento e carregou o brilho para adormecer... juntar-se a lua.
À noite pra fazer o dia-a-dia,
o dia-a-dia pra fazer-te mulher

O teu sol
Tua quentura
Tua ventura.

Didiu 2012

domingo, 4 de novembro de 2012

Para teus sonhos



Tuas nuvens... todo esse século repousa ao teu lado, toda religiosidade passa perpassa... numa linha sutil.
O céu sobre teu olhar... e tu que descansas calma tão calmamente tranquila e a poesia rebuscada

E a sombra que te cobre

Em tua pele fica devagar

Poetizar-te assim

Feito sonho-poema

Feito escrito à mão

Meu manuscrito te escreve (talha) oração pela reza

Tua prece pra caber mais assim dentro da tua fotografia palavras criando asas
Sagrado terreno prosando, alinhavando versos para tua Vila Rica, para teus séculos. Fim. Teus sonhos.

Didiu  2012