segunda-feira, 27 de junho de 2011

LÉGUAS E BOTAS


Tantas léguas...
Não me atrevo em percorrer com meus pés cansados todo horizonte
Construirei asas
Posso fazer do meu velho calhambeque uma espaçonave
Do meu horizonte até a lua
Ziguezaguear... devanear
Um quase poeta em órbita

Tantas léguas...
Algumas notas... música para dormir
Descansar em um beijo seu
Sorrisos dependurados nos olhos meus
Minha catarse explode em mim celebrando cores e letras

Tantas léguas...
Eu e minhas botas.

Didiu 2011

sábado, 25 de junho de 2011

O DELICADO



Não houve dor
O delicado passou por maus bocados
Delicadamente aquela pétala desprendeu-se da amarela flor amarela
Ele disse que foi arrancada por uma gota que caiu, deixando-a órfã
Encantou o poema e o quase poeta 
Houve gratidão
Gota sobre o bem-me-quer
Agora repousa lúcida em águas límpidas
Instigam lábios para o beijo

Ela disse que não foi arrancada
Foi conduzida!
Agora se dão as mãos

E os dois se beijaram fazendo-se gota e pétala.
Corpo e alma!

Não houve dor
O delicado passou por bons bocados.


Didiu 2011

terça-feira, 21 de junho de 2011

O BEIJO.

Ela a principio queria conter-se, apesar de todo aquele sono.Seu imaginário a mantinha acordada... seus sonhos a laçavam ao infinito, sussurravam harmoniosas melodias com brandas cores em seus ouvidos. O eclipse passou por ela deixando-a delicadamente envolvida por milhares de estrelas que reverberavam luzes evidenciando seus pequenos grandes olhos. Fulgentes olhos de um sorriso límpido.
A bela não adormecida semeando o tempo e os bons ventos de inverno. Não contemplas flores, nem mesmo a flor margarida!
Sua circulação sanguínea necessita girar com ligeireza para fazer pulsar mais e mais aquele pequeno órgão em seu lado esquerdo do peito. Seu avivado coração!

Preto... não branco! Cor que absorve os raios luminosos... cor de ébano...seu apreço.
Imensurável, não tem preço!

E tua boca degustou a outra.Seus pequenos grandes olhos voltaram a sorrir.
Corpos colados.
Dos afagos: o verbo desejar! Devagar divagava em devaneio naquele súbito sublime beijo, paralisando por instantes o tempo, fazendo-a transcender para outro plano, e, ou, outra razão.
Flutuava com leveza de plumas que driblam ventos, leveza rodopiante da bailarina que tece versos, que borda rimas.
Realizava-se em desejos doces, sua pele à flor da pele. Cultivava corpo e mente.

Mas, por um insensato descuido, seus olhos se abriram e a despudorada verdade lhe despertou roubando-lhe o frescor da sua alma.
Seu pensamento digno de dó pronunciara  suspirando em lamentação:

_ Foi tão bom tê-lo beijado novamente... o ruim foi ter acordado e perceber que era só o travesseiro!

E o  aventureiro inocente travesseiro, agora desfruta e conserva com todo orgulho, o perfume e o sabor daquele amável exuberante beijo.  

Didiu  2011

segunda-feira, 20 de junho de 2011

VEJA BEM...

Veja bem, os desdobramentos da vida...
Dobraram a esquina e consigo levaram boas novas para um longínquo longe qualquer.
Tão distante que já não os ouço mais.

Ousaram fugir tagarelando por aí
Afrontando paradigmas
Contestando teses
Agora zombam das vãs mitologias criando paradoxos, me deixando totalmente confuso.

Veja bem estes tais desdobramentos da nossa história!
Criaram pressupostos para se legitimarem
Se afirmam hegemonicamente em tradições filosóficas.
Agora são Senhores das nossas vozes.
Eles fingem!
Suas persuasões são imediatistas, midiáticas e místicas!

As verdades são construídas... depois desaparecem para surgirem tantas outras... que também dissiparão ao longo da nossa história demasiadamente humana.

Didiu  2011 

sexta-feira, 17 de junho de 2011

PALAVRA(S)

Há uma quentura... uma quentura quente como aquela quando estamos em estado febril.
É musica que sai da janela como naquele curta que assisti outro dia
Meus passos passam por ela, marcando-a com pegadas da minha doce poesia
Posso brevemente tocá-la. Meu ápice está apto para imaginá-la... tê-la nua, despi-la para mim.
Por um curto instante me interrompo em cenas e clichês... e o piscar dos seus olhos agora descansam debruçados sobre páginas, reescrevendo em poucos tomos histórias para aquele velho folhetim.
Repouso em meu deleite apreciando-a em verbos
Verbetes reverenciam e acalentam rosas
Bordam versos no roseiral
Despertam enfim, minha palavra plural em mim
Da flor a palavra amor
Do amor, o amor
Desejo...

Didiu  2011 

segunda-feira, 6 de junho de 2011

TODA INTOLERÂNCIA SERÁ CASTIGADA

Nossas Senhoras sobre saltos desfilando com pernas de pau
Sobretudo, sobre nós mesmos. Minha ambiguidade devoras.
Santíssimas do pau oco carregam todo meu ouro em vossos ventres
Qual quimera entre vós seria eu?
Atirem as primeiras pedras e logo depois todas as outras.
Revelarei-vos meus sonhos edificando-os nos umbrais de vossas casas
E vossas crianças glorificaram cantos gregorianos em minha homenagem.
Meu poema agora goteja sobre vossas cabeças insanas,almas inóspitas.
Quem sois vós mendigando pecado?
Suplicarão por meu conto pagão.
Bendita vossas intolerâncias
E por fim... minhas condolências.
Amém!

Didiu  2011 

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O OITAVO PASSAGEIRO.

O oitavo passageiro, depois de desembarcar no aeroporto de Cumbica, ocorreu-lhe  o inusitado.
Arrancou da sua mochila uma cuíca, e começou a sambar!

Ninguém entendeu patavina!

Ô lelê, Ô lalá!

Era Luiz Inácio Lula da Silva!

Didiu  2011