segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Sessão das nove para uma garotinha que se sentia feliz, absolutamente distraída





Cinema drive-in para namorados e enamorados... divertimento para crianças

E os olhos dela brilhavam definitivamente fascinados, envolvidos, enveredados por um caminho de sonhos, desprendidos, soltos para divagarem pelos mares do céu. Quiçá ela gostaria de estar lá, transitando em orbita, quem sabe na busca incessante pela perdida terra do nunca para enfim realizar todos os seus desejáveis desejos imaginários e, brincar de esconde-esconde numa branca nuvem lunar.Pouco importava para nossa pequena garotinha aquelas imagens fílmicas em movimento, aprisionadas na enorme tela branca diante daquele para-brisa meio embaçado.A liberdade de estar levemente pousando com sua pequenina espaçonave cor de rosa, inventada por ela mesma no colo da sua admirável lua, juntamente com sua tripulação de bonecas e ursinhos falantes e por lá permanecer por um longo tempo (pelo menos até o final daquela sessão), era o seu desejo maior.

No Céu,a lua se apresentava numa sinopse, e a garotinha com seus olhos vidrados comendo pipoca,deslumbrava atenta sem de forma alguma querer piscar os olhos. Uma cena clássica como num filme clássico.Ela, com seus cabelos de carochinha dos olhos de mar, conduzia a cena com tamanha desenvoltura semelhante uma renomada diretora da sétima arte.

Mas de repente o filme pifou, não o daquela fria e gigantesca tela branca mas,o longa metragem que estava sendo filmado, dirigido e exibido pela nossa pequenina cineasta. Foi interrompido por uma voz adulta e áspera:

_Minha filha, quantas vezes eu vou ter que lhe falar para parar de ficar olhando e conversando com esta maldita lua? Parece louca! Presta atenção ao filme! Já lhe avisei mais de mil vezes, afinal eu tive que pagar para estarmos aqui, não me faça desperdiçar meu precioso tempo e rico dinheiro!!!

 Didiu 2014

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Íntimo tinto



O delírio do gozo nos consumindo
O acaso, a aventura do beijo
As paixões e suas desmedidas

A delinquência dos corpos tonificando nossas almas
A poesia plena, delicada
Deleite sobre o leito
Nossa dança, nosso sexo
Mãos atadas, olhos dados, permanência dos lábios

Tinto seco, doses de taças
Na esquina da cozinha, sob a luz apagada do quarto
Cafuné, tapete e sala
O vai e vem macio, a quentura desinquieta do afeto

Madefato

Nossos corpos, nossos atos entregues aos murmúrios sucessivamente trêmulos
Deslizando devagar
Dando voltas, diminuindo nos arredores

Flores
Noites
Amores

E o nosso despertar 



Didiu 2014